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@MauricioZagari

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Recentemente chamou-me a atenção no Youtube um vídeo que mostra um menino que entra praticamente em desespero ao ver que seu irmãozinho gêmeo matou sua formiguinha. “Que dó! Que dó! Que dó!”, brada o inconsolável infante. Assisti a aquilo e não pude deixar de pensar em como o amor de Deus se parece com o amor daquele pequenino pela sua formiguinha. De tão triste, me deu a sensação de que, se pudesse, aquela criancinha teria dado sua própria vida para que o insetinho voltasse a viver. Mas, curioso é que nem seu irmão nem nenhum dos adultos que filmam a cena parecem dar muita trela para a formiga morta.

O episódio me lembrou muito o amor de Deus por nós. Embora a distância entre a grandiosidade do Senhor e a pequenez do homem seja enormemente maior que a distância entre um homem e uma formiga, é possível traçarmos uma analogia.

O amor de Deus por nós é singelo e simples como o daquele menininho por aquele inseto. Se o garotinho já sofreu tanto pela morte de um ser que mal conhecia, imagine como não arde o coração do Criador por aqueles que idealizou, formou, concedeu vida, nutriu, alimentou, fez crescer, fortaleceu, chamou para si. Ah, que amor incomensurável! Imagine a dor que a morte espiritual e o pecado de um dos seus não causam no Pai. “Que dó!”.

Deus ama simplesmente pela mesma razão que o menininho sofreu tanto por aquela formiguinha: por ter um coração bom. É de sua natureza. Deus não se contraria. Não consegue ver um de seus filhos retorcidos no chão e não se comover profundamente. “Que dó!”.

Ao mesmo tempo, para quem está assistindo ao vídeo, o drama do menino é quase incompreensível. Eu chorei junto com ele, mas vi muitos que caíram na gargalhada ao ver aquela situação. É difícil o homem compreender esse amor. Esse Deus. É difícil para o ser criado entender o Criador olhar para sua criação que geme e agoniza e ouvi-lo dizer “Que dó!”.

Às vezes imagino que o Pai chora 24 horas por dia, ininterruptamente. Pois cada um de nós é uma formiguinha agonizante no pecado, que Ele ama e quer ver bem. Ama tanto que se despiu de Sua glória para fazer-se formiga como um de nós e assim nos dar acesso a Ele.

Você deixaria de ser uma pessoa e viraria uma formiga para salvar um formigueiro prestes a ser escaldado? Deixaria que arrancassem suas antenas, te jogassem numa poça d´água, esmagassem seu corpinho e por fim o prendessem numa cruz... por amor ao formigueiro? Pois foi o que Jesus fez. Ele olhou do Céu, viu o estado calamitoso da humanidade e exclamou: “Que dó!”. Em seguida despiu-se de sua glória, vestiu-se da pequenez humana e entregou-se à fúria das demais formigas para salvar cada pupa do formigueiro.

O amor de Deus por nós é simples como o daquele menininho por aquela formiga. Não se explica, apenas se vive. É puro, simples, sem interesses. A mente humana nunca vai entender, assim como talvez outras formigas que estivessem passando por ali naquele momento não compreendessem (embora sofressem com a perda da amiga) o desespero daquele ser tão diferente, tão maior, tão superior.

Assim é o amor de Deus conosco. Simples, desinteressado, carregado de sentimento. O Senhor olha para o sofrimento de sua criação e exclama “Que dó! Que dó! Que dó!”. Não tente teologizar muito além disso. O amor de Deus para conosco é o mais puro, incompreensível e singelo sentimento que existe. Simplesmente aceite-o. Para que no dia em que você se tornar uma formiguinha moribunda e imóvel, morta no chão frio de uma cozinha qualquer, o Mestre te estenda a mão, te faça como Ele é e diga: “O dó acabou. Entra no descanso do teu Senhor...”.